Tímida

És tímida, meu anjo, deveras?
Não sejas, salta essa barreira
Dá logo sem vãs reservas
A tua essência verdadeira

A timidez é o melhor defeito
Ou talvez a pior qualidade
Má pelo indesejável efeito
Boa p’la origem, a humildade

Prezas por demais os outros
E por isso te apoquentas
Esquivas-te, foges a encontros
Se te entregas logo lamentas

Mostras dum oceano profundo
Apenas espuma que se escapa
Dum livro sábio e facundo
Só mostras a sóbria capa

Apresentas, de ti, a abreviatura
Com uma discrição bem concisa
Temperadas na branda doçura
Desse sorriso de Mona Lisa

Aprenderás a ser – desperta!
Até teus erros serão aceites!
Entretanto podes estar certa
Tuas dádivas são meus deleites